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Tarifa de 50% dos EUA impõe nova incerteza e CNC mantém cenário de inflação alta

Confederação projeta IPCA de 4,4% em 2025 e Selic em 15%, apertando o crédito, enquanto dólar caro pressiona custos e reduz poder de compra das famílias

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A CNC observa que o dólar se valorizou de imediato, encarecendo insumos - Foto: Shutterstock


A ligeira trégua de junho, quando o IPCA avançou 0,24% e levou a inflação em 12 meses a 5,35%, sexto mês seguido acima do teto da meta de 4,5%, não muda a avaliação da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) de que os preços continuam em patamar desconfortável para as famílias e para o setor terciário. O núcleo de serviços, indicador sensível à renda, subiu para 6,2% em 12 meses, mostrando que as pressões internas não cederam na velocidade desejada.

O quadro ficou ainda mais nebuloso depois de 9 de julho, quando Washington anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A CNC observa que o dólar se valorizou de imediato, encarecendo insumos e devendo aparecer gradualmente nos preços ao consumidor ao longo do segundo semestre. “O efeito da nova rodada de tarifas volta a trazer incertezas para o cenário inflacionário. Se, por um lado, o aumento do dólar favorece a alta de custos, a dificuldade de exportar para os Estados Unidos pode redirecionar parte da produção ao mercado interno, suavizando alguns preços”, explica o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes.

A Confederação, no entanto, não aposta que esse excedente doméstico será suficiente para compensar o choque cambial. A combinação de real mais fraco, serviços ainda pressionados e energia elétrica em alta — a conta de luz subiu 2,96% em junho, puxando o grupo habitação para 0,98% — mantém o poder de compra apertado e limita espaço para uma recuperação mais firme do consumo.

Diante desse ambiente, a CNC preserva suas projeções para o IPCA, que deve ficar praticamente estável em julho (0,03%) e encerrar 2025 em 4,4%, acima do centro da meta, porém dentro do intervalo de tolerância, enquanto a Selic tende a permanecer em 15% ao ano até dezembro de 2025. Bentes acredita que “o Banco Central não encontrará espaço seguro para cortes enquanto os núcleos de inflação não cederem de forma consistente”.  Segundo ele, mesmo que parte da produção volte-se ao mercado interno, a renda real comprimida, o crédito caro e os serviços com custo elevado persistente compõem um cenário que segue exigindo cautela do setor terciário.

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Fonte: CNC

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